Yanomami entregam petição com 400 mil assinaturas contra garimpo

Líderes indígenas entregaram uma petição de mais de 400.000 assinaturas ao Congresso brasileiro na quinta-feira. Eles exigem a retirada dos garimpeiros do território Yanomami na Amazónia, onde são acusados de estar a espalhar o coronavírus às comunidades vulneráveis.

A petição foi lançada em junho, juntamente com uma campanha que condenava as políticas do Presidente Jair Bolsonaro de apoio à exploração agrícola e mineira da floresta amazónica. A informação é da AFP.

“Queremos que as autoridades tomem medidas. Não queremos continuar a perder os nossos idosos, os nossos filhos. Não queremos continuar a chorar”, disse o líder Yanomami, Dario Kopenawa, durante uma reunião online com legisladores e organizações solidárias com a causa indígena.

Imagens dos líderes yanomami serão mostradas quinta-feira à noite à porta do edifício do Congresso, em Brasília, como parte da campanha. Com mais de 174.000 mortes, o Brasil tem o maior número de mortos devido à pandemia, depois dos Estados Unidos.

A organização Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, estima que o Covid-19 já causou mais de 880 mortes e 40.000 infeções entre as comunidades indígenas — afetando 161 povos nativos — a maioria deles na Amazónia.

“O governo está rapidamente a criar condições para outro genocídio do povo Yanomami. Se as autoridades não agirem agora para expulsar os garimpeiros e impedir a propagação do coronavírus e da malária, os Yanomami, os Ye’kwana e várias comunidades altamente vulneráveis e não contactadas no território verão as suas vidas destruídas sem reparação”, disse Fiona Watson, da Survival International, em comunicado.

Associações indígenas e ONG reivindicam atualmente cerca de 20.000 garimpeiros que operam em terras Yanomami, uma extensão de 96.000 quilómetros quadrados de selva no norte do Brasil, na fronteira com a Venezuela.

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirma que o número de mineiros ilegais na região ronda os 3.500. Kopenawa encontrou-se com Mourao em julho para exigir a expulsão dos garimpeiros.

Um relatório publicado pelas associações indígenas em novembro dizia que os casos de Covid-19 na Terra Indígena Yanomami aumentaram mais de 250% em três meses, passando de 335 infeções em agosto para 1.202 em outubro, com 23 mortes confirmadas ou suspeitas da doença.

Estes números, recolhidos com o apoio de dirigentes e associações locais no terreno, superam as 1.088 infeções e 10 mortes reconhecidas pela Secretaria De Saúde Indígena do Ministério da Saúde num relatório de 2 de dezembro.

Publicado em Plataforma

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